quinta-feira, 27 de maio de 2010

O problema da renovação política brasileira



Ontem conversava com um amigo meu sobre política, especialmente a política brasileira. Tentávamos entender porque tantos políticos notoriamente desonestos e corruptos continuam sendo eleitos e porque é tão difícil fazer uma renovação não só de pessoas, mas principalmente de métodos e princípios.

Convenhamos que os Poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) são aqueles que menos cumprem as leis e a Constituição brasileira. Existe uma impunidade generalizada no Brasil que parece não terminar nunca. Nós vemos denúncias na TV, "processos" instaurados e nada acontece.

O pior é que muitas vezes os próprios políticos tratam crimes como se fossem algo natural. Há algumas semanas o CQC da Band colocou um GPS dentro de uma TV de plasma e doou para um prefeitura do Estado de São Paulo (http://bit.ly/bAaL2I). Acompanharam algum tempo onde a TV estava e depois foram ver qual era o local. Resultado: a televisão ficou durante dois meses na casa de uma funcionária da prefeitura. Ao entrevistar o prefeito ele agia como se nada de errado tivesse acontecido. Num país sério esse prefeito teria demitido imediatamente a funcionária, e não agido como se isso fosse algo natural.

Um outro caso emblemático foi o do governador de Brasília. Depois de muita confusão numa eleição indireta realizada pela Assembleia Legislativa foi eleito um governador que foi secretário dos dois últimos governos e os dois envolvidos em escândalos. Sabe o que ele disse sobre isso? "Não tenho problema em dizer que fui secretário e participei dos governos de Roriz e de Arruda. Vou usar minha experiência em prol de Brasília". No mínimo ridículo!

Como resolver isso? Sinceramente não sei. No nosso modelo político-eleitoral o grande fiscalizador das atitudes dos agentes políticos é o eleitor. Isso nos levaria a crer que a culpa seria do povo e ponto! A ele caberia a responsabilidade de mudar a situação.

Mas isso não é inteiramente verdade. O modelo existente favorece a exploração da ignorância e das necessidades de muitos. Estes são enganados na hora de votar por campanhas de marketing que vendem até gelo a esquimó e pela imensa dificuldade de fiscalização do que foi feito nos 4 ou 8 anos anteriores. Outros por verem suas necessidades básicas sofrerem uma melhora se iludem e votam naquele que dá o peixe, mas não dá o anzol para pescar.

Além disso o esquema partidário atual se baseia em troca de favores e de cargos. Um presidente não governa se não tiver uma base no Congresso e para isso precisa "lotear" alguns ministérios. Para piorar quem aprova as leis que regulam os agentes políticos, incluindo salários e punições, são esses mesmos agentes. Isso cria uma "trava" para as reformas necessárias, como podemos ver pela dificuldade de aprovação do projeto "ficha limpa" e as reformas política e tributária que não saem do papel.

Sem dúvida o melhor seria a população acordar e passar a votar melhor. Mas ao mesmo tempo os políticos se esforçam para que a maior parte dos eleitores permaneça do jeito que está. Como resolver isso?

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